segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Virou Passarinho

Manoel chegando ao céu
deparou-se com Irene, a preta,
aquela mesma, do outro Manuel...

- Nem adianta, Manoel, falar
sobre nadas e desimportâncias
pois aqui és muito bem-vindo!

- Ah, Irene, e o que temos a fazer
nessa imensidão de espaço
e tempo ao meu inteiro dispor?

- Passarinho voa, Manoel,
e pousa e canta onde quer!

- E também se aninha onde
o coração lhe sugere?

- Como melhor te convier...

Assim, desde há pouco
um passarinho pantaneiro
tem buscado pouso e abrigo
para a sua terna poesia
no coração dos simples.

*Homenagem de Abel Sidney ao poeta Manoel de Barros (1916-2014)

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