segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

E fevereiro só começou

Como citou a colega Adelaide Oliveira, fevereiro só começou... Ainda assim, já temos que lamentar notícias que apontam seu lead para o mundo das artes. Uma delas traz à tona, mais uma vez, o tragi-cômico Woody Allen.

Cometido por famosos ou não, seja contra crianças ou adultos, o abuso sexual costuma levantar antiga polêmica. Geralmente o crime é executado "a quatro paredes", aos olhos de vítima e algoz. Daí, como garantir a veracidade costuma ser um dilema. Sim, porque ainda que tenhamos obrigação de dar crédito ao depoimento de quem sofreu o abuso - notadamente a parte mais fragilizada dos casos que vieram à tona até hoje -, também temos de garantir o direito de defesa para o acusado. E já foram confirmados casos de erro de julgamento. É possível que ocorra. Assim como é possível a saída ilesa de abusadores, especialmente quando têm condições financeiras e/ou políticas para atestar sua pseudo-inocência.

Aliás, não custa lembrar que o abuso é crime, não ser pedófilo.

Outra notícia não menos dura dá conta do assassinato do brilhante cineasta brasileiro Eduardo Coutinho. O crime cometido pelo filho segue desenhando a culpa à esquizofrenia, e isso me faz lembrar, dentre outras coisas, de como nossa sociedade tem lidado com esses casos; o tratamento penal dado a quem é portador de “doença mental”. Há quem tome proveito de um possível diagnóstico, sim. Como não considero encerrado o tema de como lidar com quem de fato é portador de alguma delas. Como atender a sede de justiça para todos? Para enfermos, criminosos, vítimas (não necessariamente uma classificação excluindo a outra).

A propósito: Argentina começa registro nacional de pacientes internados.

Acrescento outro dilema, provocado com a notícia da morte do ator Philip Seymour Hoffman. A princípio, a tese é de que teria sido por overdose. Cheguei uma vez a comentar no blog, por ocasião da morte de Sócrates, que temos direito de fazer escolhas, como a de usar a droga que nos apetece. Cada um envereda pelo caminho que mais lhe parece conveniente para lidar com suas dores e alegrias. E, claro, é responsável pelas conseqüências de escolher as drogas ou um surto para isso. Por outro lado, chega, sim, um momento em que perdemos a possibilidade de fazer algumas escolhas e ter mais que o Estado por perto, ter gente querida por perto, é fundamental também para nos auxiliar.

Que início de fevereiro, não? Que venham as boas novas!

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