domingo, 23 de junho de 2013

Estranho?

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O tema do estranhamento é muito conhecido da psicanálise. Muito! Mas também é muito conhecido dos que estiveram em situações limites, como é o caso de Primo Levi, e do seu É isto um homem?. Os alemães mandaram para o crematório e câmara de gás, milhares de seres humanos. Primo Levi relata o estranhamento que sentia diante da posição de ser um humano entre humanos, em um campo de concentração. Parece-me que o sentimento de estranhamento aflorou nas classes médias brasileiras, e em parte de seus cronistas e jornalistas. O que será que está recalcado, e que quer assumir um lugar nas praças e nas ruas?   O estranhamento sobre as  ruas me parece perfeitamente plausível. E, ao terminar de ler a crônica de Carlos Heitor Cony - postada aqui pelo Roger Normando -,  mais se amálgama  o meu entendimento de que somos filhos de 300 anos de escravidão oficial, e do silêncio imposto por um apartheid mascarado e crudelíssimo. Não "entender" sobre "as razões" que estão levando milhares às ruas do Brasil, e não querer assumir nem a posição do "estranhamento", é o sintoma melhor acabado de que as nossas heranças históricas e culturais abriram brechas incontornáveis no nosso Narcisismo.

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