segunda-feira, 3 de junho de 2013

Avaliação bem regular

Acabou de ser divulgada a primeira pesquisa de opinião pública sobre o governo de Zenaldo "Não Sou Mágico" Coutinho. A pesquisa do Instituto Acertar foi divulgada pelo Blog do Bacana, que fornece algumas informações sobre a metodologia da coleta de dados.

Não sou cientista político. Mas sou brasileiro e, como tal, adoro meter o bedelho em assuntos sobre os quais não tenho especial capacidade de avaliar. Para mitigar a minha prepotência, deixo claro que neste assunto fui chamado, sim, porque sou eleitor, morador e contribuinte de Belém; logo, a matéria é do meu interesse mais direto. Além disso, deixo claro que meus comentários são meras impressões leigas, sem nenhuma pretensão de segurança ou cientificidade.

No mais, deixo clara a minha rejeição ao PSDB e seus quadros, o que certamente influencia de forma prévia a minha percepção do caso. Ao menos tenho a honestidade de declará-lo ostensivamente.

Aparentemente, os dados têm sido interpretados como favoráveis à atual gestão municipal. Mas não acho que seja bem assim. Explico-me.


Coutinho foi eleito com 56,61% dos votos válidos, nada de consagrador, mas um índice superior aos 47,3% de aprovação registrados na pesquisa. Ou seja, em apenas quatro meses (a coleta de dados se deu na primeira quinzena de maio), sem nenhum incidente, considerando apenas a rotina administrativa, o prefeito já não conseguiu emplacar a mesma aceitação de outubro passado. Além disso, esse percentual abrange três faixas de análise, correspondentes a "ótimo", "bom" e "regular positivo". Como o melhor índice é "bom" (27,4%), vá lá que não esteja mal na foto. Mas apenas 3,2% de "ótimo" já é sintomático.

Outrossim, não me arvoro em discutir com estatísticos, mas eu não estou pessoalmente convencido de que "regular" devesse ser considerado como aprovação do governo, seja lá que governo for.

Mas o segundo quadro é ainda mais problemático:


Desde a campanha eleitoral do ano passado se comentava à boca miúda que qualquer prefeito eleito teria uma oportunidade de ouro de ser considerado um verdadeiro estadista, porque qualquer mequetrefe superaria, e muito, Duciomar Costa. Mas 34,8% dos entrevistados considerou a gestão atual igual à anterior. Eu me mataria, se fosse o prefeito. A coisa piora quando se observa que os que apontaram uma melhoria foram apenas 35,9%. O nada desprezível índice de 9% aponta piora (eu me mataria e me condenaria à execração da memória). Ao todo, a gestão tucana é mal-avaliada, em comparação à Era das Trevas Totais, por nada menos que 43,8% dos entrevistados!

Honestamente, você acha mesmo que se pode considerar essa uma avaliação positiva? Vamos chutar o balde: 20,3% dos entrevistados ainda não sabem dizer se Coutinho é melhor. Se um cara me dissesse não saber se eu sou melhor ou pior do que Duciomar Costa, eu já me mataria. Juro por Deus.

Arrisco um palpite final: a avaliação desfavorável de Coutinho é decorrência de que, em seus quatro meses de governo — aliás, até agora — não aconteceu nada. Políticos vivem de fazer de um palito uma floresta inteira, de modo que, quando nada é apresentado, é porque nada existe, de fato. Apenas a velha ação de limpeza de canais (a mais velha estratégia de todo neoprefeito) e a continuação de algumas obras, ainda que de fato muito importantes.

O imbróglio BRT, p. ex., continua como dantes. A imprensa comum noticiou que os contratos com a Caixa Econômica Federal já foram assinados e, a partir daí, a ordem de serviço poderia sair em 30 dias, mas o prefeito tentaria liberá-la em 7 dias. Claro que este prazo expirou e, por enquanto, nem sinal de retomada das obras. É claro que isso irrita o cidadão comum e pesa em eventual avaliação.

Chamo a atenção, por fim, para o fato de que o principal padrinho de Coutinho é o governador Simão Jatene, de quem se pode falar que, estando no terceiro ano de seu mandato, ainda não disse a que veio. Os governos de propaganda, marca maior do tucanato, já não funcionam como antes, embora paguem muito bem (como tem noticiado a jornalista Ana Célia Pinheiro em uma série de reportagens, em seu blog). Então se o afilhado puxar o padrinho, já era.

Estou aberto às réplicas. As educadas, por favor, como educada foi esta postagem.

3 comentários:

Marise Rocha Morbach disse...

Yúdice, educadamente - rsrsrsrs - você mandou muito bem. O melhor: sacou as pegadinhas da pesquisa, rs. Concordo com você e acho que ser comparado ao Duciomar Costa, em termos de qualidade, não é mérito algum.Ainda não havia me deparado com a pesquisa, vou olhar com paciência; apesar de que só gosto de mentiras sinceras, rsrs. Abração!

Yúdice Andrade disse...

Você, como sempre uma lady, Marise!
Quanto à postagem, pareceu-me que valia a pena destacar esses aspectos.

Edyr Augusto Proença disse...

Se te queres matar, porquê não te queres matar? Amigo Yúdice, com nossos políticos, só um suicídio coletivo.
Abs