sexta-feira, 29 de junho de 2012

Hipócrates

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A imbecilidade é epidêmica: temo ser inoculada com o vírus. E não há vacinas para o mal. Tento resistir. Faço o que posso. Esqueço a televisão. Penso profundamente no sexo dos anjos. Admito que perdi. Aposto na Mega Sena. Ouso com os conselhos de Fernando Pessoa:  tento simpatizar com tudo; não consigo! Os sintomas de que estou em contato com o vírus se avolumam. Meu figado urra de raiva. Minha bílis saí pelo vômito. Meus nervos estão em frangalhos. Mas pretendo resistir: e resisto! Sou forte: e não sou por acaso. Sinto-me diante das tais escolhas trágicas: o pior e o menos pior. Dias cinzas. Faço uma longa lista dos maiores imbecis do momento: e ao final me sinto extenuada. Sou uma guerrilheira sem pelotão e sem armas. Não gosto mais de beber. As drogas me aborrecem. E depois, para que elas servem diante dessa drogaria a céu aberto chamada Belém. Não me desculpem: não estou precisando de nenhum conforto. A imbecilidade é a filha dileta da burrice. Seus irmãos bastardos são a violência e a corrupção.

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