sexta-feira, 21 de outubro de 2011

I Corrida dos Gordinhos do Círio



O sonho de todo gordo é ficar magro. E dos gordinhos paraenses, além de emagracer, disputar a Corrida do Círio representa a glória, a realização suprema de uma existência voltada às calorias e às guloseimas.
Eu fico meio triste e meio feliz em contar que já estive lá: disputei a dita corrida há cerca de 10 anos.
Para conseguir tal façanha tive que fazer (mais uma) dieta rigorosa e passar por um trabalho físico longo e intensivo, com musculação e muitos exercícios aeróbicos, orientado por um personal trainer nazi-fascista.
Mas treino é treino e corrida é algo muito pior e lá estava eu, o atleta da família, o vingador dos gordos, dobrando a esquina da Av. Assis de Vasconcelos rumo à reta final, subindo a Av. Nazaré.
O cérebro confuso nada entendia, as articulações rangendo, os pulmões bufando, e aquela avenida me parecia tão alta quanto o Everest e a linha de chegada tão inatingível quanto a Nicole Kidman.
Eu estava a uma fração de segundo da desistência quando olhei para o lado e vi um corredor, um oponente, um rival ainda mais gordo do que eu. E ele nem parecia tão cansado, ao olhar compenetrado para o asfalto, ignorando solenemente o seu colega de infortúnio - eu!
Aquilo deve ter estimulado o meu tálamo e o meu hipotálamo de tal maneira que tudo o que conseguia pensar era "esse gordo não vai me passar!".
E não passou.
Guiado pela sombra de meu alter-ego momentâneo, consegui subir a íngreme avenida e cruzar a faixa de chegada quase em morte cerebral e em morte corporal.
Do misterioso gordinho corredor, nem as feições eu consegui ver, pois tudo, absolutamente tudo, permaneceu fora de foco por uns bons 10 minutos.
Ufa, hoje, só de relembrar e contar, beiro a exaustão.
Por que ninguém teve a idéia de criar a Maratona Gastronômica do Círio?
Eu certamente me inscreveria no triatlo: pato no tucupi, maniçoba e sobremesa.


8 comentários:

Silvina disse...

Hahahaha! Scylla, adorei saber dessa passagem de sua vida. Eu nunca gostei de correr, e nunca o fiz, exceto por uma única vez que disputei 100 m rasos nos Jogos Internos da extinta Escola Técnica Federal do Para, onde estudei o 2o grau... E eu nem era gorda, ainda. Cheguei em 2o lugar, medalha de prata, numa manhã de sábado após uma noite inteira de badalações.
Detalhe: só tinham 2 corredoras na prova!

Scylla Lage Neto disse...

Silvina, isso que é uma medalha suada, não é mesmo?
Rssss.

Pedro do Fusca disse...

Fiquei cansado só de ler! Imagine correr esta "maratona".

Scylla Lage Neto disse...

Pedro, Corrida do Círio, só de fusca!!!
Abs.

Geraldo Roger Normando Jr disse...

Pode fusca azul calcinha? Se puder...

Scylla Lage Neto disse...

Pode sim, Roger!
Pode até C 180 CGI...
Abs.

Anônimo disse...

Maratona Gastrônomica do Círio eu não sei não...Mas na proxima Feira Gastrônomica do meu Colégio você está convidado!!!Adorei sua história,Beijos!

Scylla Lage Neto disse...

Oba!!!!!!!!!!!!!!!!
Ficarei com a medalha de ouro...
Bjs.