domingo, 19 de junho de 2011

U2 Reacende Minha Paixão em Show Inesquecível


Ontem à noite, tive a oportunidade rara de rever o U2 em um grande concerto, como não o fazia desde 1992, quando vi o "Zoo TV Tour" em Kansas City. Eu era um grande fã do U2, desde os tempos de "Under a Blood Red Sky" e "Unforgettable Fire", e canções como "Sunday Bloody Sunday".

Albuns como "The Joshua Tree" e "Rattle and Hum" foram a trilha sonora dos meus primeiros anos em São Paulo; da mesma forma como "Achtung Baby" e "Zooropa" tornaram-se partes imprescindíveis da minha vida nos meus primeiros anos na América.

Mas eu tenho que confessar que tinha me tornado um "U2 fan" meio relapso. Claro que reconheço que "All That You Can't Leave Behind" tem seus momentos de obra-prima, mas eu estava meio distanciado desta turma irlandesa.

Bom, ontem voltei a ser fã de carteirinha. O show que assisti, no Angels Stadium, a 20 minutos da minha casa, com uma plateia de 60 mil espectadores, foi de arrepiar. A ultima fase da turnê, chamada "360º", começou na Africa do Sul em fevereiro, e passou por São Paulo em abril. Antes de virem para os EUA, eles também foram a Buenos Aires e Cidade do Mexico.

Eu que não sou muito fã de shows em estadios, fiquei boquiaberto com a qualidade do som, com a energia da banda, e com o "set design", misturando os temas Spider-Man e uma psicodelica Viagem Espacial.

Para ir com o tema de 360 graus, eles montaram um palco circular, no meio deste estadio de beisebol gigantesco, sustentado por uma "aranha" de aço gigante de quatro patas. No top da estrutura, que devia ter facilmente uns 100 metros de altura, um "space rocket" pronto para decolar. Ao redor do stage inteiro, um telão circular de proporções absurdas.

O tema espacial começou com uma rendição de "Space Oddity", classico de David Bowie de 1969, primeiro a versão do proprio Bowie, cantada em off, depois a voz de Bono, também em off e depois ao vivo, fazendo sua homenagem.

Aliás, o show foi cheio de homenagens. O comandante da space shuttle Mark Kelly, atualmente na International Space Station, entrou ao vivo no telão circular para fazer uma homenagem a sua esposa Gabi Giffords, a deputada progressista do Arizona atingida por um tiro na cabeça em janeiro passado. Diretamente da International Space Station, Kelly introduziu a musica "Beautiful Day".

Bono tambem fez homenagens a seu amigo Michael Hutchence, lider do INXS que se suicidou em 1997; a Molly, esposa do "The Edge", que recentemente teve outro bebê; Aung San Suu Kyi, a lider do movimento pela democracia no Myanmar, recentemente libertada depois de uma decada de campanha; e a Quincy Jones, que estava na plateia ontem. A cada homenageado, uma musica especial.

O set list foi inacreditavel, misturando desde canções super antigas como "Sunday Bloody Sunday", até mais recentes, como "Walk On", passando por classicos como "In the Name of Love", "Mysterious Ways", "One", "Stuck In a Moment", "Miss Sarajevo", "I Still Haven't Found What I'm Looking For" e "Where the Streets Have no Name". Na hora de cantar "Sunday Bloody Sunday", imagens de otimismo da revolução da primavera árabe.

O mais incrivel é que, a despeito do caracter gigantesco e espetacular de toda a produção, o show manteve uma sensação de intimismo, unindo a plateia de 60 mil pessoas e a banda. Todos os meus amigos que viram o show sentiram o mesmo que eu senti: uma ligação forte não só com a musica em si, mas com o sentido de respeito, humanidade, unidade e solidariedade que são marcantes com o U2.

Olha que eu já vi muitos shows fantasticos, mas este vai ficar pra sempre na memoria.

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