domingo, 30 de janeiro de 2011

No desabamento, a matemática aterradora





















Na imagem capturada por um cinegrafista amador, postada no blog, leva-nos a entender que o prédio, mediante o ângulo de visão do autor, sugere uma terrível constatação: a inclinação absurda na sua conformação, pendendo para a direita.

O presidente do CREA-PA, salvo engano, disse que a entidade limita-se a fiscalizar o exercício profissional da categoria.

Cadeia nele. Cadeia no presidente da tal empresa Real Engenharia. Cadeia e ponto.

Qual uma Torre di Pisa elevada à segunda potência. Com o devido ressalvo que a torre italiana, embora destinada a ficar na vertical, começou a inclinar-se para sudeste logo após o início da construção, em 1173, devido a uma fundação mal construída e a um solo de fundação mal compactado, que permitiu à fundação ficar com assentamentos diferenciais. A torre atualmente se inclina para o sudoeste. O edifício da Real Engenharia desabou. A secular torre não. Mais. Aqui, gente morreu e teve que ser retirada de sua casa como consequencia.

Uma coisa horrível ver a imagem do desabamento do prédio. Causa-me arrepios.

E vamos a um exercício simplório matemático.

Imaginemos que o prédio, fosse entregue aos seus moradores. A previsão de entrega seria no final do ano que vem.

Imaginemos que 36 andares, ocupados por dois apartamentos por andar, resultam em 72 apartamentos.

Em cada uma das 72 unidades. Imaginemos que, numa clássica família de classe média alta. Tivéssemos uma média de um casal adulto, dois filhos e uma secretária do lar. Seriam cinco habitantes.

Cinco habitantes multiplicados por 72, resultam em 360 pessoas. Descartemos animais domésticos nessa projeção.

Imaginemos, ainda, que nos 36 andares. No térreo e área comum do edifício. Trabalhassem o pessoal de serviço e manutenção. Acredito que 15 pessoas seja um número razoável.

Imaginemos que, num sábado chuvoso, 30% dos 360 moradores e 15 funcionários do condomínio, estivessem ausentes. Penso que é um número razoável para um sábado. Diferente para um domingo, que a ocupação de moradores, beiraria a 95 %.

No cenário proposto para o sábado chuvoso. Nada menos do que 262,5 pessoas, teriam as suas vidas ceifadas em questão de segundos.

Não entrou nesse cálculo básico, nenhum vizinho ou carro estacionado nas proximidades ou, transuentes na movimenta travessa 3 de maio.

Essa tragédia teria proporções tsunâmicas num lugar onde o fenômeno, simplesmente não existe.

Outra observação que gostaria de consignar, é relacionada a declaração do senhor engenheiro civil José Leitão de Almeida Viana, presidente do CREA-PA.

Caso esteja vendo duendes a minha volta, esse senhor teve a coragem de dizer que ao CREA-PA
cabe, tão e somente, a fiscalização do exercício profissional de seus associados.

Se esse senhor, realmente sustentará essa declaração, ele deve ser imediatamente preso.

Imediatamente preso, uma vez que não será nenhnum favor para a boa família dos brilhantes engenheiros civis do Pará, é o que merece, agora, o presidente da obra responsável pela construção do prédio.

Mas, lamentavelmente, vou cantar a bola do bingo.

Nada, absolutamente nada, acontecerá.

Não aconteceu, nada, a não ser o o enterro dos mortos, no desabamento da lage da indústria que produziria cimento em Itaituba - no futuro estado do Tapajós.

Não aconteceu nada após o desabamento do edifício Raymundo Farias em agosto de 1988. Lamentável acontecimento coberto por nosso brilhante companheiro de blog – atualmente radicado na Bélgica –,

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