sábado, 17 de julho de 2010

O circo sobre duas rodas

O ciclismo de competição é imensamente popular em boa parte da Europa Ocidental e disso a gente não sabe no Brasil. São dezenas de competições, chamadas de voltas, tours, rondes etc. Há clássicos como o Paris-Roubaix e a Ronde van Vlaanderen (Tour de Flandres) e o Giro d'Italia. Mas, sem dúvida, o top das provas é Le Tour de France, que este ano vive sua 97ª edição. A largada foi em Rotterdam, nos Países Baixos. Os competidores atravessaram a Bélgica e agora estão no sul da França. A grande chegada será em Paris no domingo, dia 25. A passagem pelo plat pays (como a Bélgica é conhecida a partir de uma canção do belga Jacques Brel, mais conhecido pela imortal Ne me quitte pas) foi uma homenagem aos 60 anos de vida de Eddy Merckx. Ele é uma lenda viva, o flamengo (ou flandrien, como os franceses denominam os ciclistas belgo-flamengos) que ganhou o Tour de France cinco vezes entre 1969 e 1974.
O Tour de France começou em 1903 entre Nantes e Paris (417 km), com 21 competidores. Este ano, são 3.642 km, 219 participantes, em 22 equipes. Desde 1962, as equipes deixaram de ser representações nacionais. Elas têm nomes dos patrocinadores (a maioria peso pesado, como indústrias farmacêuticas, bancos e empresas de gás) ou nomes próprios, como Astana, que podem agrupar diversos patrocinadores.
Por onde passa, o Tour é acompanhado por multidões. A cobertura é diária em toda a mídia. Jornais publicam cadernos especiais. Nas TVs, além de figurar em todos os telejornais, a cobertura ganha programas especiais em horário nobre. Quatro redes de TV pagam para serem os canais oficiais da competição. Enfim, muito dinheiro em jogo, o que faz do Tour um evento muito mais popular e muito mais mediatizado que o do circo da Fórmula 1 e seus grand prix. Nas conversas entre amigos, o desenrolar do tour é assunto obrigatório.
A popularidade dos eventos ciclísticos, sem dúvida, se deve à característica dessas competições: por etapas entre cidades, atravessando campo, vilarejos e metrópolis sem cobrar ingresso dos espectadores. Fora as grandes competições, há inúmeras provas para amadores e é comum ver, todos os dias, ciclistas de competição nas ruas das cidades, especialmente em Flandres. Aqui, a maioria dos maridos não vai às bater bola em peladas, mas correr de bicicleta. E haja bicicletas e acessórios caríssimos de altíssima tecnologia e roupas especiais, porque não há frio, chuva ou neve que impeça os atletas amadores de estar nas ruas.

3 comentários:

Scylla Lage Neto disse...

Edvan, todo ano eu "acompanho" o Tour "pescando" fotos da competição.
Este ano já coletei 2 lindíssimas.
Um abraço.

JOSE MARIA disse...

Edvan,

Também é grande a quantidade de ciclistas que peregrinam até Santiago de Compostela.
Nos finais de semana aumenta a quantidade de ciclistas nas rodovias e trilhas.
Os ciclistas andam com mapas específicos e formam um grupo diferenciado e muito solidário, sempre dispostos a parar e oferecer ajuda aos peregrinos que caminham e aparentam dificuldades no caminhar.
De um deles recebi - de ótimo grado - remédio para diarréia (estreei a cartela de comprimidos do kit de primeiros socorros dele).
E como eles percorrem longas distâncias diariamente, quando chegam a Santiago estão com uma imensa quantidade de endorfinas acumulada e são os mais alegres dentre todos os peregrinos.

Edvan Feitosa Coutinho disse...

É Scylla, as paisagens por onde passa o Tour são cinematográficas. Se bem que a imagem mais marcante, até agora, da edição 2010 é a do ciclista australiano Mark Renshaw, já na reta de chegada de uma das etapas, dando cabeçadas num concorrente para facilitar a vitória do colega da equipe Columbia, Mark Cavendisch. O "Zidane" do ciclismo, foi devidamente eliminado pelo juri.
Alencar, a bicicleta é um meio de transporte, um equipamento de esporte, mas sem dúvida um estado de espírito. Eu sempre vejo que a agressividade quase inexistente dos motoristas belgas contra ciclistas é porque aqui, quase todo mundo anda de bicicleta - do presidente de uma multinacional ao gari.
Bom domingo.