quinta-feira, 24 de junho de 2010

Massao Ohno (1936-2010), um Editor Brasileiro

Esquecido pela mídia brasileira, faleceu no último dia 11 de junho na cidade de Sorocaba o editor Massao Ohno, aos 74 anos. O maior editor de poesia do país quis ser filósofo, mas os pais migrantes o obrigaram a formar-se em Odontologia. Nunca exerceu a profissão de dentista e quando pode abriu uma gráfica, onde iniciou publicando apostilhas de cursinhos.
Foi a paixão pela poesia quem lhe deu satisfação e notoriedade até os anos 80. Considerado espécie de tábua da salvação para poetas não editados, publicou autores inéditos ou quase, mas de valor literário logo confirmado. Sem ele alguns jovens poetas da nova poesia brasileira não seriam publicados, por conta do desinteresse das editoras em livros de poesia. Entre os poetas brasileiros que editou há nomes tão conhecidos quanto Hilda Hilst, Olga Savary, Roberto Piva, Jorge Mautner, Carlos Vogt e Max Martins. E outros menos conhecidos ou bissextos, como Marly de Oliveira e Vera Brant.
A edições de Massao Ohno também eram reconhecidas de longe pelo apuro gráfico, logo anunciado nas capas sempre elegantes e originais, assinadas por artistas como Tomie Othake, Ianelli, Ciro del Nero, Wesley Duke Lee e Augusto Rodrigues. Com igual energia, dedicou-se à divulgação de nomes da poesia oriental, retomando a presença do haiku em especial e dos tankas na língua portuguesa.
Apesar da importância do editor paulista para a história do livro brasileiro, não se conhece um catálogo completo da Massao Ohno Editora. Deixou quatro filhos, nenhum com interesse no mercado editorial.

Músicos, poetas, pintores, artistas, no geral e no particular, insurgi-vos! O mundo não é apenas um vasto circo de variedades, de consumo frenético. Viver é um ato prodigioso, uma dádiva a ser desfrutada, segundo a segundo, até a finitude. Á la Lispector: "Haverá um dia, em que haverá um mês, em que haverá uma semana, em que haverá um dia, em que haverá uma hora, em que haverá um minuto, em que haverá um segundo, e dentro do segundo haverá o não-tempo sagrado da morte transfigurada". Vida.


Noves fora, zero.
Reiniciaremos tudo novamente?

(Escritos de Massao Ohno ao artista plástico Tide Hellmeister, 1994. Cf. Acervo Massao Ohno )

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