segunda-feira, 31 de maio de 2010

Municípios Brasileiros Bilíngues

O nheengatu ou língua geral dos índios foi falada no Pará e em Belém em anos tão adiantados quanto aqueles das primeiras décadas do século XIX. Depois, na medida em que a aculturação dos indígenas concluía-se, o falar dos primeiros habitantes terminou desaparecendo. Sublinhe-se, porém, que em si a língua geral já representava uma uniformidade que trazia a lógica interna de forçar o desaparecimento de outros dialetos indígenas falados desde o Brasil Colônia. Homogeneizar é diminuir nesse caso, apesar da unidade linguística sem dúvida ter representado uma estratégia importante para a consolidação da idéia de povo e das fronteiras nacionais como hoje as conhecemos.
Esse preâmbulo é para saudar a decisão dos municípios de São Gabriel da Cachoeira (Amazonas) e o de Tacuru (Mato Grosso do Sul) de adotarem línguas indígenas como segundo idioma oficial, um esforço de indiscutível mérito para a proteção a uma cultura predominante em termos locais, mas sempre fragilizada frente aos apelos sedutores e violentos da aculturação. Contudo as decisões municipais que elogiamos pelo conteúdo de equidade guardam um perigo de translação no caso de outras etnias reclamarem reciprocidade, arriscando tornarmos o Brasil um mosaico linguístico ao modo de uma Índia. Assim é necessário que sejam estabelecidos critérios para tais medidas em lei federal, de modo não tornarmos o justo em uma saia justa, conforme por exemplo representou a recente epidemia de criação de municípios no país.

Mano Chau em Belém: O ápice de tudo

Fã é fã. Ponto! E é de um fã que vocês poderão acompanhar os fatos e acontecimentos narrados neste post. Vão dando o desconto, se desejarem.
Eis então que chega o grande momento. A platéia, agora não esconde a excitação ao ver os primeiros preparativos para a entrada de Manu Chao. Luzes sendo testadas, cabos conectados, auxiliares e técnicos de som circulando freneticamente.
Começo a circular, junto com Jorane Castro, procurando o melhor lugar para testemunhar o evento. Mais uma vez, contamos com a gentileza da produtora paulistana do Manu. Mais uma vez, após aproveitar o intervalo para refazer as baterias e recanalizar as energias, entramos na área VIP. Procuramos um lugar estrategicamente posicionado, bem abaixo do palco, não exatamente perfeito para a fotografia, mas ótimo para assistir o show, a poucos metros de distância dos protagonistas. Apesar de estar fotografando, promovendo e divulgando, eu era acima de tudo, um fã, interessadíssimo em participar do show, dançar e me divertir.
Aparecem nos bastidores, os 3 integrantes do grupo: Philipe (baterista), um excelente guitarrista e Manu Chao.
O baterista Philipe (Gambacito), Manu e o guitarrista Madji nos bastidores. Imagem: Carlos Barretto
Ele, um poliglota por necessidade e oportunidade, nascido Jose-Manuel Thomas Arthur Chao, em Paris em 21 de junho de 1961, iniciou sua carreira ainda adolescente, com forte influência punk (via The Clash). Mas surgiu para o mundo com a formação da banda Mano Negra. Desta época, seu primeiro single Mala Vida, rendeu-lhe enorme sucesso na França e um contrato com a gravadora Virgin.
É considerado atualmente um dos Top Ten da World Music. Suas músicas são irreverentes, dançantes e com tom de protesto. No Brasil, surgiu em meio ao enorme sucesso de seu CD Clandestino, onde detonou com músicas antológicas como Minha Galera, Luna y Sol, Mentira, Desaparecido, Clandestino entre outras. Lançou outros álbuns como Proxima Estación: Esperanza, Radio Bemba Sound System, Banylonia en Guagua, Sibérie m'était contée (em francês), La Radiolina (2007) e Estación Mexico (2008). Mas saiba mais sobre Manu Chao consultando este verbete na Wikipedia ou visitando seu website pessoal.
Voltando ao show, digamos que o palco e as condições climáticas não fizeram jus ao momento extraordinário. O palco, apesar de grande o suficiente para 3 músicos, talvez não fosse digno para este grande artista. E a chuva, resolveu apertar a galera. Felizmente, já no finalzinho do show, quando então um aguaceiro desabou sobre a platéia. Mas ninguém arredou o pé. A estas alturas, eu já circulava molhado da cabeça aos pés. Mas estava pronto para campo de futebol: uma bermuda, uma camiseta e uma sandália, garantiram minha despreocupação com as intempéries.
O show foi simplesmente espetacular. Som de primeiríssima qualidade, performance de palco descontraída e extremamente animada. Uma estratégia de começar as músicas com seu ritmo original e, subitamente, acelerá-lo, levou o público presente ao delírio.
Uma característica marcante das músicas de Manu. Aliás, diga-se que na França, ele é chamado de "mani". Mais à frente, conto como consegui esta e outras informações.
Quase todos os principais sucessos do álbum Clandestino foram executados. Outros do penúltimo álbum La Radiolina também foram ouvidas. Como Malavida, Politk Kills, Tristeza Maleza, Mundoreves entre outras. Senti falta de Besoin de la Lune e Denia. Mas pudemos ouvir sucessos como Me Gustas Tu. Nenhuma do extraordinário álbum em francês Sibérie m'était contée. E algumas supresas, totalmente desconhecidas por mim, que depois fui saber serem mesmo inéditas.
Madji, deu show de violão e guitarra. Imagem: Carlos Barretto
Enfim, foi um show absolutamente inesquecível. Jamais poderia imaginar, que pela modestíssima quantia de 25 reais, eu poderia ter acesso a um show do Manu. Se a noite tivesse terminado neste ponto, eu já me daria por satisfeito. Plenamente recompensado. Bati exatas 600 fotografias. Jorane fez uns vídeos com o iPhone. Enfim, tudo foi documentado. Mas alguma energia interna nos fez querer mais, conseguir um pouco mais, mesmo após o fim do show. Enquanto a banda "diz-que" finalizava o show (na verdade faria o bis e tris), resolvemos que era naquele momento que deveríamos tomar alguma atitude
Estávamos inquietos. Resolvemos então, batalhar pelo camarim. Não era possível que tudo terminasse assim. Fomos então nos encaminhando ao portão dos fundos, onde fica o acesso dos artistas e na saída, a entrada para o protegidíssimo camarim. Óbvio que percebemos que se saíssemos por ali, encontraríamos barreiras para voltar ao palco. Mas arriscamos. E isso começou a fazer toda a diferença.
Aqui começa a aventura pelo camarim. Imagem: Carlos Barretto
Lá fora, Jorane encontrou alguns amigos. Conversa vai, conversa vem, lá vem a produtora do Manu, - aquela que foi gentil comigo o tempo inteirinho - entrar na conversa. Entre uma apresentação e outra, agradeci-lhe a gentileza, ao que ela respondeu, elogiando minha disciplina. Foi então que fomos apresentados a Maria, que encantados, soubemos que é a atual esposa baiana de Manu. Uma simpatia, que logo nos convidou a voltar ao palco, para terminar de assitir o bis e o tris. Assim fizemos, acompanhados de Maria e parte da equipe de produção. Por fim, já no final verdadeiro do espetáculo, voltamos à porta do camarim, rigidamente vigiada. Conversa vai conversa vem, conheci Eduardo, engenheiro agrônomo, amigo de Manu que contava empolgado os projetos do grupo no Brasil. De fininho, perguntou se não gostaríamos de entrar no camarim. Nem preciso dizer o que aconteceu. Começou a cair um aguaceiro pesado. Chegava a hora "h". Naquele momento, ou entrávamos no camarim, ou corríamos para a calçada para nunca mais voltar. Fiquei meio atônito e algo constrangido com a situação. De tal maneira, que acabei me perdendo de Jorane, que entrou no camarim acompanhada de Marcos Sachi. Resultado: todos entraram e eu, subitamente sem nenhum padrinho, fui barrado.
Resignado, voltei para o palco para me proteger do aguaceiro. Mas logo, uma ligação no celular, mudou o rumo desta história. Eu estava sendo chamado para comparecer ao camarim. Corri e de imediato, Eduardo me colocou pra dentro.
A recompensa. Marcos Sachi, o poster, Jorane Castro e Manu. Imagem: Eduardo Alcântara
E de repente, lá estava eu, tomando uma cervejinha, comendo alguns salgadinhos e batendo um papo com Manu. Conversamos sobre algumas coisas. Mas tive tempo de perguntar-lhe minhas principais dúvidas.
Primeiro perguntei sobre uma característica de seu trabalho: a repetição de alguns arranjos fundamentais e sons, com a mudança da letra. Algo que de fato permeia o conjunto da obra do músico. Ele me deu uma explicação muito interessante, que acabou respondendo minha segunda pergunta: e o próximo álbum? Vou tentar reproduzir o que entendi, uma vez que não se tratava de uma entrevista formal. Era tudo absolutamente informal.
Disse-me que seu trabalho tem exatamente este aspecto que entendi como "plástico", no sentido de se moldar ao sabor da vontade do artista e aos objetivos de determinado projeto. Neste sentido, os arranjos que aparentemente se repetem, seriam de fato uma espécie de continuidade de um fluxo criativo. Algo que está em permanente mutação e aprimoramento. Em síntese, funcionariam como citações em uma obra literária. Citações que incidem sobre o próprio conjunto. Algo pra lá de interessante. Em seguida, afirmou que dificilmente ele trabalha com CDs fechados, tipo produção para atender demandas da indústria, da qual se desligou desde os tempos da Virgin, atuando de maneira completamente independente. E produzindo continuamente.
Marcos Sachi e Manu Chao. Imagem Carlos Barretto
Manu neste momento, tem uma casa em Fortaleza, onde tem um filho brasileiro. E saibam todos que eles ainda estão neste exato momento em algum lugar de Belém, onde estarão atuando num projeto inteiramente focado na região. É só o que eticamente poderei revelar.
Por enquanto, fiquem com o vídeo que Jorane Castro fez com o iPhone. Disponível em meu canal no You Tube.

Dêem o desconto pelo fato de estarmos muito próximos as caixas de som e extremamente animados com o show. E com licença, que agora vou sossegar.
Leia mais sobre o show de Manu Chao em Belém:

Mano Chau em Belém: Pinduca


Pinduca e seu tradicional visual. Imagem: Carlos Barretto
Vamos então ao palco principal para um rápido intervalo. A esta altura, um pequeno chuvisco começa a surgir, trazendo desconforto para a galera que ocupa o lugar ao ar livre, chamado à boca pequena de "mundícia". Talvez o termo venha de imundície. Não sei ao certo. O fato é que com a chuva que depois iria se tornar por alguns minutos torrencial, a lama já fazia parte do roteiro de quem por lá ficou.
A esta altura, a platéia estava visivelmente maior. Todos os espaços estavam ocupados. Era algo desconfortável transitar nos diferentes ambientes. Seja para adquirir cervejas (3 reais uma latinha), seja para satisfazer algumas necessidades imperiosas, sempre aumentadas nestas circunstâncias.
Mas era a hora de circular, dar uma olhada panorâmica, encontrar amigos, registrar presenças ou mesmo se esconder deles. Aí depende. Cada qual com seus problemas. Hehe. Mas desde o início, percebi que me esconder, não era uma alternativa possível (e nem exatamente desejável). A Nikon, seu enorme flash (agora profissional) e a mochila da National Geographic eram acintosas demais, numa platéia na maioria, despojada, digamos. Mas este perfil, me ajudaria mais à frente. Mas eu precisava da mochila. Não só para transportar o pesado equipamento, bem como para protegê-lo da chuva.
Mas eis então que entra Pinduca no palco. Com 3 dançarinas e grande banda. E toma-lhe carimbó. Cantou as principais músicas de seu famoso repertório, sempre interagindo com o público que acatou e aceitou a diversão. Entre elas, destacamos Sinhá Pureza, Tia Luzia Tio José, O Pinto, Dona Maria, entre outras.
Ele, manteve seu tradicional visual cambando pro extravagante. Mas que se tornou sua marca registrada. O chapelão cheio de pinduricalhos, um colete de cetim multicolorido por cima de uma camisa branca de mangas bufantes. Afff! Mas funcionou. E balançou com a galera, que a estas alturas, já aguardava com certa ansiedade o show principal da noite.
Imagem: Carlos Barretto
Nesta altura, botei o uniforme de fotógrafo para funcionar e entrei sem dificuldades na área VIP, registrando algumas imagens. Graças a gentil produtora, que me permitiu. Logo no início, gentilmente, ela me abordou para fazer um acordo. No show do Manu, fotografias seriam permitidas apenas nas 3 primeiras músicas do grupo. Depois, guardar câmera. Aceitei e admirei sua gentileza. Mais tarde, teria mais para agradecê-la. Ela e Eduardo Alcântara, engenheiro-agrônomo cearense, amigo pessoal do Manu Chao. Mas esta história é para o próximo capítulo. E vamos à ele. Finalmente!

Mano Chau em Belém: Juca Culatra Power Trio

Entra o Juca Culatra Power Trio. Imagem: Carlos Barretto
Por volta das 20 h, começa então o show do Juca Culatra Power Trio. Casa cheia, galera muito animada e um som de arrebentar quarteirão.
Acompanho o trabalho deste grupo, que vi crescer a olhos vistos na noite paraense. Fazem um enorme sucesso.
Marcel, guitarrista de mão cheia. Imagem: Carlos Barretto
Meu sobrinho Marcel, se desenvolveu na música junto com o grupo. A história dele, se confunde com a história do grupo. E quem sabe como é difícil a vida de jovens músicos em início de carreira, sabe valorizar quando chega o reconhecimento. E neste caso específico, especialmente em Belém, reconhecimento não é exatamente sinônimo de aporte financeiro. Pra isso, demanda mais tempo e persistência.
Pois eles arrebentaram do início ao fim. O som estava "power", para usar o jargão da área. Há um bom investimento em qualidade sonora no African Bar. Muito embora, eu ache que eles precisam melhorar a iluminação de palco. Graves robustos, agudos bem regulados e médios no ponto. O grupo, sacodiu a galera que pulou, aplaudiu e gostou.
Casa cheia, galera satisfeita. Imagem: Carlos Barretto
Eles tem um trabalho interessante, que pega carona no novo modelo de negócios que os músicos vêm adotando de uns anos para cá. Distribuem CDs e as músicas de graça. Para tentarem o justo pagamento com shows e contratos com casas noturnas. Um modelo que já mostrou seu valor, na hora de revelar músicos.
A banda tem o perfil da irreverência, bem típica de roqueiros contemporâneos, muito embora seus estilos sejam de fato algo mais variados e talvez diverso que o rock. Há faixas eminentemente instrumentais, onde a banda mostra seu valor. Os eletrônicos, apesar de discretos, estão lá, na forma de minúsculos módulos de efeitos sonoros.
Juca é um show à parte. Boa atitude de palco, naturalidade no contato com o público, irreverência, irreverência, irreverência.
Juca Culatra. Bom humor. Imagem: Carlos Barretto
No meio do show, uma surpresa: nosso conhecidíssimo Calibre (a quem muitos chamam carinhosamente de Calibration) entrou no palco e deu mais do que uma simples canja. Depois dele, seguiram-se novas revelações, numa atitude solidária, que acho muito interessante entre os músicos. Sempre os admirei nos bastidores, em função desta ação solidária e de respeito ao trabalho de todos. Algo raro, em outras atividades humanas. Fruto da dureza, que atinge à todos, se assim não for.
Assim, terminou a primeira etapa desta jornada cultural que estava só começando. No palco principal, com uma área dita VIP, (coberta, cercada e pavimentada com estrados de madeira), e outra ao ar livre, ao sabor dos humores do clima, prepara-se a nova atração. Pinduca e grande banda se preparam para tocar.
Vamos em frente.

Um vice para chamar de seu

Que o PTB do suposto prefeito de Belém, Duciomar Costa, está mais próximo do governo do Estado que o PMDB, aliado das eleições passadas, isto todo mundo sabe.

O PR engrossa as fileiras da chapa petista. Falou-se em Anivaldo Vale, vice licenciado do prefeito oxigênio - aquele que todo mundo sabe que existe, mas ninguém vê (© Franssinete Florenzano) - para complementar a dupla encabeçada pela governadora Ana Júlia Carepa. Agora, o boato do momento, segundo a jornalista Rita Soares divulgou esta tarde em seu perfil no Twitter, é que Raul Meireles, o do País das Maravilhas e braço direito de Duciomar, seja o candidato a vice na chapa petista.

O boato tem tudo para ser verdade: da composição com o PTB à forte ligação pessoal de Meireles com o Consultor Geral do Estado Carlos Botelho e com a própria Ana Júlia. Talvez a militância petista não se empolgue com o nome do ex-companheiro de partido, que já circulou pelos governos tucanos e hoje defende com desenvoltura e língua afiada o pior prefeito que a capital paraoara já teve. Mas há muito que a militância petista apita pouco, quando muito.

Doutrina Bush ainda faz vítimas

A desculpa do primeiro ministro Benjamin "Bibi" Netanyahu ao ataque desferido pela marinha israelense que matou mais de 10 integrantes da "Frota da Liberdade", comboio formado por integrantes de ONGs internacionais que apoiam a causa palestina, lembra muito a de um certo ex-governador, em triste episódio da história recente do Pará.

Fato é que a defesa de Netanyahu tem a mesma medida do injustificável ataque aos sem-terras da Curva do S.

O governo brasileiro reagiu acertadamente e com veemência ao fato. O Itamarati prometeu chamar o embaixador brasileiro em Tel-Aviv de volta, em ato que representa, nas Relações Internacionais, uma moção de repúdio à ação de Israel.

Ao que parece, a doutrina Bush da guerra preventiva não foi enterrada, contrariamente ao que anunciou há alguns dias o presidente americano Barack Obama. Está bem viva e ganhou adeptos mundo afora.

Manu Chao em Belém: o início


Vou logo avisando. Esta. é uma série de posts de fã para fãs. E quem não for fã, ao menos procure ouvir ou saber alguma coisa do personagem mais importante desta história. Garanto que não haverá arrependimento. Basta clicar no website pessoal do protagonista, onde existem toneladas de informações.
Já estava tudo combinado. Ingressos adquiridos com razoável antecedência, agenda livre, companhia acertadíssima, enfim, nada poderia dar errado. Só não contava que tudo se desenrolasse de uma maneira bem mais agradável que o previsto. E assim foi. Meninos eu vi. Vamos aos fatos.
Tudo começou por volta das 17:30 do Domingo, para um show que estava previsto para começar por volta das 19 horas. O programa era: abertura com o espertíssimo Juca Culatra Power Trio, Pinduca com banda completa e o ponto culminante, já por volta das 22 h, Manu Chao e banda. Mas bem antes, recebi um nervoso telefonema de Marcel Barretto, meu sobrinho, guitarrista da banda Juca Culatra Power Trio, informando que eu viesse imediatamente ao African Bar. Manu Chao em pessoa, passava o som junto com a banda. Como Marcel já havia pedido que eu fizesse o registro fotográfico da apresentação do Juca Culatra, peguei a mochila com a Nikon e parti por debaixo da chuva que já começava a se abater sobre a cidade.
Manu Passando o som com seriedade. Imagem: Carlos Barretto
Lá chegando, com a influência de Marcel e a boa vontade e gentileza da produtora de eventos, tive acesso a área super restrita do palco principal, onde Manu Chao passava o som. Fiquei perto cerca de 2 metros dele. E neste momento, registrei 2 imagens. Tudo que a produção me permitiu neste primeiro momento. Mas já fiquei muito agradecido, com a primeira de uma série de gentilezas que nos seriam servidas. Já estava achando o máximo. Mas a coisa seria melhor. Como o título do post afirma, era tudo só o início de uma longa jornada de 10 horas em pé. Mas altamente recompensadora. Uma sequência de gentilezas, simpatia, seriedade e responsabilidade. E vamos em frente.

Bastardices

Na frase célebre de Caetano Veloso, "de perto ninguém é normal".

Frente aos dramas humanos, porém, por vezes parece que as pessoas ficam piores: não só anormais, mas pérfidas, enlouquecidas, embrutecidas.

É isso o que parece ter-se abatido em Parauapebas, no hinterland paraoara, onde a jovem Ana Karina Guimarães, grávida de nove meses, sumiu há mais de vinte dias.

O acusado do crime, o pecuarista Alessandro Camilo de Lima, suposto pai da criança que Ana Karina esperava, encontra-se preso desde o último dia 18 e confessou o crime à Polícia Civil neste final de semana. Mas antes, já havia quem tivesse querido tirar proveito da triste fama que o fato causou aos envolvidos, como conta o blog do Laércio de Castro.

Somente Deus para ter piedade destas figuras. Minha limitação humana não o permite.

Domingo feliz

Agora há pouco, acabo de vivenciar uma miríade de experiências, que passo a reputar como uma das mais importantes da minha vida. No momento, ainda estou transferindo algumas das 400 imagens registradas do momento. Está muito tarde, a transferencia de imagens demora um pouco, e preciso dormir para me recuperar e poder redigir um post decente sobre o assunto. Mas daqui a pouco, prometo fazer o relato ponto-a-ponto de tudo o que me aconteceu neste dia, que na verdade, começou às 17 h e só terminou às 3:30 desta segunda-feira. Como já disse em alguma destas redes sociais que participo, a vida nunca é totalmente injusta.
Até mais!

domingo, 30 de maio de 2010

FCX, seu carro, seus dejetos



Se nosso metabolismo corporal produz em média 1000 ml de gases por dia, incluindo substâncias como o nitrogênio, potencial combustível para automóveis e máquinas em geral, por que não aproveitá-los para mover os nossos próprios carros?
A idéia, que soa inicialmente bizarra, infantil até, foi comprada pela montadora japonesa Honda, que desenvolveu o projeto HES (Estação Doméstica de Energia), que já se encontra em sua quarta versão com o carro FCX Clarity, no sul da Califórnia.
As estações de reabastecimento localizam-se juntos a residências, aproveitando os dejetos domésticos.
Segundo a Honda, o Clarity pode ter autonomia de até 435 km e de seu escapamento sai apenas... água!
Dá para pensar em algo mais ecologicamente correto do que fazer o seu próprio veículo rodar sem poluir, usando seus próprios gases corporais?

Música pra feriadão



Domingão, véspera de feriadão por aqui (Memorial Day, um Finados mais patriótico). Memorial Weekend também é o início oficioso do verão. Calorzão lá fora e cheiro de churrasco no ar. Já levei meu cachorro Kobe à praia, que por sinal estava lotada, e agora arrumo as malas pra ir para o Brasil. Chego a Belém na sexta-feira, eba!

E pra marcar o feriadão e início do verão, uma canção maravilhosa, "There Goes the Fear", do Doves, que eu estava ouvindo sem parar há um ano atrás, no verão de 2009. Na verdade eu acho que eles lançaram esta música em 2002, mas ela popularizou de verdade ano passado, quando foi incluida na trilha sonora do filme "(500) Days of Summer". Enjoy!

Acidente assombroso

Um vídeo de 33 segundos me deixou sem fôlego. Bote-se no lugar dos envolvidos:
Um carro de passeio atinge a lateral de um enorme caminhão, fazendo-o perder o controle.




O bólido então sobe o canteiro que divide as pistas de sentidos opostos, arrancando postes e desabando sobre a rodovia, quase esmagando um carrinho que se defende como pode.



Aqui, a imagem por um ângulo traseiro.



No final, nenhuma vítima grave. Dá para acreditar?
Se você passasse por uma experiência dessas, quando chegasse em casa, são e salvo, faria o quê?

Tapa na pantera


Este é um vídeo é um curta que faz muito sucesso na internet desde 2006, quando então foi produzido e dirigido por Esmir Filho, Mariana Bastos e Rafael Gomes, e apresentado no festival de Gramado. Em Tapa na Pantera, a atriz Maria Alice Vergueiro, fala de seu hábito de fumar maconha há 30 anos e não ser viciada. É um curta de ficção com uma ótima performance da atriz. Simplesmente veja. É um "hit" no You Tube com cerca de 328 mil exibições.

Mais sobre Fábio Cavalcante


Para quem ainda não conhece o paraense Fábio Cavalcante, que foi citado no post Fábio fabuloso, (de nosso correspondente na Bélgica, Edvan Coutinho) conheçam a música Retumbão, uma das minhas preferidas.
Fábio é extremamente generoso com seu público plugado. Ele oferece vários exemplos de seu trabalho "de grátis", no formato mp3. Garimpe você mesmo no My Space e visite o canal exclusivo no You Tube do músico. E não deixe de visitar seu website pessoal clicando também aqui.

Skype 2.0 para iPhone. Agora sim!


Antes, já era um aplicativo obrigatório para seu iPhone. Contudo, tinha um chatíssimo problema: não suportava ligações VOIP pela rede 3G. Mas agora, na versão 2.0, suporta. Ainda não sabemos se, com a precariedade das redes 3G de Belém, ele vá ser assim tão bom quanto nas redes WiFi. Mas no mínimo, ele passa a ser totalmente recomendável. Clique aqui e baixe direto da iTunes Store o novo Skype 2.0. Você não paga nada por isso.

Fábio fabuloso

Sobre Fábio Gonçalves Cavalcante, músico paraense, talvez você nunca tenha ouvido falar. Sobre Hermano Vianna, talvez sim. O antropólogo é um dos maiores conhecedores de música no Brasil e foi a cabeça por trás do programa de Regina Casé, Brasil Legal, e da antológica série de TV Música do Brasil, além de ser autor de vários livros sobre a música brasileira. Pois, Hermano, na última sexta-feira, publicou um texto sobre Fábio no jornal O Globo e que você pode ler aqui. O título do artigo, que emprestei para este post. já diz (quase) tudo. Quem chamou a atenção para o artigo foi Alexandre Sequeira, em sua página no Facebook.

sábado, 29 de maio de 2010

Chocado: lamento a morte de meu ídolo






















Ele representava para mim a quinta essência do talento.

Seus papéis como vilão implacável eram simplesmente convencíveis.

Adorava-o ver como um homem muito mau.

--Hopper era um amor de pessoa no ambiente ex Glamour.

Do alto de meu passionalismo, revelo que adoraria tomar uma, só uma que fosse, cerveja com Dennis Hopper.

Sua performance ao lado de um representante da griffe Fonda, que exceto o pai é foda-se! É inesquecível.

A trilha sonora do filme que retrata jovens perdidos que traficavam cocaína para chegar, sabe-se lá Deus onde, foi e, ainda é, uma porrada certeira na cabeça de caretas travestidos de gente mui buena.

Adoraria ler, através da lavra do brilhante jornalista paraense, professor de Comunicação numa universidade californiana, a repercussão da passagem desta para a melhor de Dennis Hopper.

Ele nos deixa aos 74 anos.

Nos deixa -- vírgula --, nos aguarda para um drink.

Atualizando sobre o Estado do Carajás

Medidas Provisórias trancam a pauta da Câmara dos Deputados.

Em respeito aos meu leitores, o post em questão informará a todos os interessados sobre o processo em curso do projeto legisliativo que autorizará a população paraense votar se quer ou não a divisão territorial, a partir da criação de dois novos estados: Carajás (Sul/Sudeste) e Tapajós (Oeste).

Após a aprovação, surpreendente com mais de 82% favoravelmente em relação ao pedido de urgência da matéria, os projetos de decreto legislativo que autorizarão os eleitores de todo o estado do Pará votar em 2011 se querem ou não a revisão territorial de seu estado, aguardam a votação do mérito da matéria.

Uma vez que me foi chancelado discutir aqui, esse assunto. Sinto-me na obrigação de informar os qualificados leitores do blog sobre o trepidante assunto.

Tão logo a pauta da Câmara examine as MP's, os PDC's do Carajás e do Tapajós serão confirmados.

O mérito é aprovado em maioria simples. Não será obrigatório o voto nominal.

O valorozo deputado Zenaldo Coutinho (PSDB-PA), em brilhante serviço à democracia brasileira, obteve um acordo muito apropiado: a inclusão de uma emenda aos PDC's no sentido de incluir, no Orçamento Geral da União do ano que vem (2011), previsão orçamentária para o TSE determinar ao TRE/PA, a relização do plebiscito.

Advogado, brilhante deputado, Coutinho mirou no que viu e acertou no que não viu.

A matéria será aprovada na Câmara dos Deputados e será remetida de volta ao Senado.

O Senado, por sua vez, aprovará a matéria.

Agora. Revelarei aos leitores um diálogo muito especial que tive com meu saudoso mestre Juvêncio de Arruda.

-- Eu para o melhor blogueiro do Pará, questionei:

-- Mestre. Será que o Nilson Pinto (ex-Reitor da UFPA) teu ex-assessorado, vai chiar?

-- O mestre disse:

-- Val o Nilson é a maior inteligência desse PSDB.

Nilson Pinto. Inteligente que é, mudou de opinião e hoje, defende a realização do plebiscito.

De acordo com a disponibilidade do Reitor Deputado, firmo aqui, com meus leitores, o compromisso de publicar uma big entrevista com ele.

Até mesmo porque Nilson Pinto é um dos melhores quadros políticos da história do Pará.

Avanti!

Reflexões sobre o Estado do Carajás

Republico aqui, artigo publicado originalmente no meu outro blog.

Carajás: o 27.° Estado do Brasil?
* Por Val-André Mutran

Em março de 1989, portanto, alguns meses após a promulgação da Constituição de 1988, teve início a tramitação do primeiro Projeto de Decreto Legislativo estabelecendo a autorização de realização de consulta plebiscitária para a criação de mais uma unidade da Federação do Brasil. Na linha do tempo, foi nesta data que ouviu-se, pela primeira vez, a voz de um parlamentar ecoando a vontade da população da região sul e sudeste do Pará em busca da criação do Estado do Carajás, a partir da emancipação política administrativa do Estado do Pará. 

Apresentado pelo deputado federal Asdrúbal Bentes (PMDB-PA) em março de 1989; o Projeto de Decreto Legislativo foi arquivado com a não reeleição do parlamentar à Câmara Federal.

Três anos depois, o deputado federal Giovanni Queiroz (PDT-PA), apresenta o Projeto de Decreto Legislativo PDC-159-B/1992, que retoma o assunto, com base nos termos do artigo 49, inciso XV, da Constituição Federal.

Para melhor compreensão do processo de criação de um novo Estado, previsto na nova Carta Constitucional em seu Artigo 18, há Lei Complementar que rege o tema. É interessante recuar no tempo, especificamente ao ano de 1974. Aqueles que tiverem interesse e quiserem aprofundar-se neste assunto. Pesquisem como se deu a criação do Estado do Mato Grosso do Sul, a partir da divisão territorial do Mato Grosso.

Carajás: Uma questão de Estado

As propostas de criação de novos estados são manifestações coletivas que acenam distintamente para a apropriação política do seu espaço de vivencia e produção, otimizando o uso dos recursos contidos na área em questão. O espaço e a cultura participam desse processo dado que representam o suporte material e a base simbólica sobre os quais são construídas as identidades territoriais. 


Pensar na reconfiguração geopolítica da Amazônia brasileira é uma idéia lúcida e de uma visão política futurista, voltada para seu desenvolvimento econômico, o bem-estar social e o aperfeiçoamento do regime democrático, sonho em parte, posto em prática pelo maior estadista republicano: Juscelino Kubitschek. 


A idéia de tradição e de cultura regional, contrapondo-se ao pioneirismo dos desbravadores, presente no sul e sudeste do Para, contribui para elaborar a reconstrução peculiar da história local. A idéia complementar de região, a terra natal, o espaço de vida e produção, produz a noção de unidade territorial. A eficácia simbólica dessas idéias mobiliza a sociedade regional em torno de idéias emancipacionistas. 


A criação de Estados e Territórios Federais, amparada pela Constituição Federal nos Art. 18, 48 e 49, atinge, entre outros, o objetivo de satisfazer os anseios de determinada população em busca de melhores condições para a conquista do progresso e do seu bem-estar social.

Neste sentido, a bandeira do Brasil poderá ganhar em breve mais uma estrela, caso seja aprovado o projeto em tramitação no Congresso para a criação do Estado do Carajás. O projeto, já aprovado pelo Senado Federal à unanimidade, tramita em caráter de urgência na Câmara dos Deputados que examinará, em breve, o mérito da matéria. A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, sugere o plebiscito, exigido pelo artigo 18 da Constituição, para que a população decida se quer ou não a divisão do Estado. 


Os parlamentares destacam que "a grande extensão territorial dificulta a governabilidade e o desenvolvimento". Mas, não é só.


Não há dúvidas que, em que pesem os custos da implantação, a criação de uma nova unidade federativa traz grandes benefícios para a população envolvida:

- Consolidação da presença do Estado;

- Ocupação dos vazios demográficos;

- Interiorização do desenvolvimento sócio-econômico;

- Melhoria da infra-estrutura, em particular dos setores de transporte, energia e comunicações;

- Redução das desigualdades sociais e do desequilíbrio regional.

Esses benefícios ressaltam de importância quando se trata de áreas pertencentes à região amazônica que, apesar do seu imenso potencial para um desenvolvimento auto-sustentado, apresenta sinais típicos da ausência estatal, exclusão sócio-econômica da população, narcotráfico, depredação ambiental, exploração desordenada das riquezas naturais e violência rural. 


A criação do novo Estado do Carajás possibilitará o encurtamento da enorme distância existente entre a administração do atual Estado do Pará e a região do sul e sudeste do estado, facilitando a implementação de programas públicos e de obras de infra-estrutura indispensáveis à atração dos investimentos privados e à interiorização do desenvolvimento sócio-econômico. 


A região sul/sudeste é, sobretudo, produtora do setor primário da economia – com grande potencial ainda não racionalmente aproveitado -, seus produtos têm baixo valor agregado; industrializá-la é uma imposição histórica. 


HISTÓRICO

A exploração das margens do Tocantins e Araguaia data de mais de 400 anos, mas o primeiro povoado definitivo da região foi fundado em 1892, apenas um pouco mais de um século atrás. Desde esses tempos remotos, a ocupação de Carajás veio do sul do País e não do norte. Esta característica deixou desde os primórdios, o sul e o sudeste do Pará, ligados economicamente, socialmente e politicamente à região centro-sul do País. 


A divisão territorial da Amazônia, ao longo do presente século, tem sido uma questão recorrente não somente no marco da discussão e de propostas como igualmente na efetivação da divisão. Pode-se mesmo dizer que a atual configuração geopolítica da Amazônia Brasileira é recente e foi moldada a partir de 1911 com a questão acreana. Naquela ocasião a apropriação do excedente econômico gerado pela economia extrativa da borracha mobilizou parlamentares e as elites tanto do Pará como do Amazonas. A federalização do território foi à solução à época encontrada. Na década de 40, novamente partilhar a Amazônia foi objeto de ampla discussão no âmbito da organização do Estado brasileiro. Os anseios geopolíticos de controle territorial e das fronteiras elevaram a divisão territorial como medida para estimular a ocupação e o povoamento regional, criando postos de vanguarda nas fronteiras e ampliando a presença do estado federal. 


Getúlio Vargas estimulado pelo Conselho de Segurança Nacional, cria, em 1943, os Territórios Federais de Guaporé (Rondônia), Amapá e Rio Branco (Roraima). A preocupação com a imensidão territorial e o vazio demográfico amazônico sempre foi ponto de convergência entre ideólogos, geopolíticos e militares. No âmbito das mudanças de ordem política e institucional do Estado brasileiro pós – golpe militar de 1964 é lançado às primeiras medidas políticas com o objetivo de assegurar a ação federal na região de forma efetiva. A "operação amazônica", em 1968, redefiniu o arcabouço institucional regional ao criar a Sudam e o Incra. Posteriormente, em 1971, são federalizados cerca de 66% das terras do território do Estado do Pará. 


Levas de imigrantes e algumas grandes empresas, atraídas pela política de incentivos fiscais, radicaram-se no sul e sudeste do Pará, atendendo ao chamado do Governo Federal "Integrar para não entregar". A região iniciou um processo de progresso econômico acelerado. Foram construídas cidades e novos municípios foram criados.

Surgiu, então, uma enorme demanda por infra-estrutura e a distância geográfica de Belém não permitiu a presença do Poder Público Estadual para encaminhar as soluções dos mais variados problemas. 


Na esteira da Constituinte de 1986/87, veio a leva de movimentos emancipacionistas nos quatro cantos do Brasil. Somente no Pará foram dois grandes movimentos para a criação dos estados do Carajás e do Tapajós, o que induziu a criação, após a promulgação da Constituição Federal de 1988, de uma Comissão de Estudos Territoriais (1989).

A localização estratégica dentro do eixo do Araguaia-Tocantins, as peculiaridades geopolíticas, a necessidade de maior proximidade do Poder Público, as experiências de outros estados recentemente criados e a urgência da melhor utilização dos recursos naturais, dentro da ótica do desenvolvimento sustentável, são alguns dos motivos que sustentam a reivindicação da criação do Estado do Carajás, após a consulta do plebiscito.

O ressurgir das propostas de criação dos estados do Carajás e Tapajós, estimulou o governo do estado à busca de alternativas à redivisão territorial. A Fundação Getúlio Vargas foi contratada na forma de consultoria para a realização de diagnóstico sobre a estrutura espacial e econômica e necessidades de recomposição. No diagnóstico, a excessiva concentração das atividades no entorno de Belém e a baixa integração estadual apresentava-se, de fato, como estímulo a desagregação territorial. 


As possibilidades de desenvolvimento local e regional estariam ligadas à capacidade de organização, o consenso político, o pacto social, a cultura de cooperação e a capacidade de criar, coletivamente, um projeto de desenvolvimento. A criação de poder político e de busca do consenso, tornam-se relevantes para a construção de um projeto político regional, instrumento indispensável na formulação de estratégias para o desenvolvimento.

EMENDA MODIFICATIVA DO PROJETO Nº 159-B/92

Dê-se ao art. 1º do projeto a seguinte redação:

"Art 1º - O Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Pará realizará no prazo de seis meses, a contar da publicação deste decreto legislativo, plebiscito sobre a criação do Estado de Carajás, a ser constituído pelos municípios de Abel Figueiredo, Água Azul do Norte, Banach, Bom Jesus do Tocantins, Brejo Grande do Araguaia, Cumarú do Norte, Curionópolis, Dom Elizeu, Eldorado dos Carajás, Floresta do Araguaia, Goianésia do Pará, Itupiranga, Jacundá, Marabá, Nova Ipixuna, Novo Repartimento, Ourilândia do Norte, Pacajá, Palestina do Pará, Parauapebas, Pau D'arco, Piçarra, Redenção, Rio Maria, Rondon do Pará, Santa Maria das Barreiras, Santana do Araguaia, São João do Araguaia, Sapucaia, Tucumã, Tucuruí, Ulianópolis, Xinguara, de acordo com o Art. 7º da Lei nº 9.709, de 18 de novembro de 1998".


Autor: Deputado Giovanni Queiroz

Para o Senador Mozarildo Cavalcanti (DEM-RR), áreas imensas como os Estados do Amazonas, Mato Grosso e Pará, impedem a atuação do aparelho estatal e condena as populações dos municípios mais distantes a toda espécie de carências, especialmente às de prestações do serviço público.

O ex-governador do Tocantins, José Wilson Siqueira Campos, defendeu a criação de "no mínimo" dez estados brasileiros independentes. De acordo com proposta trazida por Siqueira Campos, no Mato Grosso seria criado o estado de Araguaia; no Maranhão, o Maranhão do Sul; no Pará, os estados de Carajás, Xingu, Tapajós e Trombetas; e no Amazonas, Madeira, Juruá, Solimões e Rio Negro. Ele usou o exemplo de Tocantins, criado em 1988, para incentivar os deputados a lutarem pela criação de novos estados. "Éramos uma região isolada, não tínhamos sequer 3% da receita do estado do Goiás, quando representávamos 21% da população e 45% do território. Porém, com a autonomia, crescemos 127%, mais do que o Brasil", afirmou.

Autor da proposta de criação do estado de Carajás, o Deputado Federal Giovanni Queiroz (PDT), assinalou que o fato que o motivou a lutar pela subdivisão territorial foi à vontade do próprio povo, que reclama constantemente o direito ao desenvolvimento, o qual só será possível com um Governo presente. "Um estado com as dimensões do Pará não consegue pensar e planejar o desenvolvimento, seja no aspecto fundiário, rodoviário, da infra-estrutura ou da segurança", ressaltou. 


O ex-ministro das Comunicações e ex-deputado federal, Pimenta da Veiga, considera-se um "defensor ardoroso" da redivisão territorial por acreditar que o Brasil estará no rumo do desenvolvimento. "Na próxima década, a população brasileira terá 30 milhões de pessoas a mais. E para aonde elas vão? Se não criarmos alternativas para esse contingente, poderemos ter grandes problemas, no futuro", afirmou. 


A deputada Terezinha Fernandes (PT-MA) acredita que a proposta de redivisão territorial pode ser instrumento de integração das regiões Norte e Nordeste ao processo de desenvolvimento já experimentado pelo Sul e Sudeste, cujas condições favoráveis resultam em boa qualidade de vida aos seus habitantes. Ela recordou que os últimos 30 anos têm sido pródigos na questão do êxodo rural, que ocasiona o inchaço dos centros urbanos. "Esse problema poderia ser resolvido se todas as regiões brasileiras fossem igualmente desenvolvidas". 


No Programa de Governo 2002 – COLIGAÇÃO LULA PRESIDENTE, no caderno "O LUGAR DA AMAZÔNIA NO DESENVOLVIMENTO DO BRASIL", na página 19, o documento propõe o seguinte:

"PROPOSTAS ESPECÍFICAS"

Divisão territorial. Realizar estudos detalhados das propostas para criação de novos estados, considerando as dinâmicas econômicas e sociais produzidas historicamente e estabelecer práticas de mediação entre os setores interessados, para subsidiar o Congresso Nacional na votação da criação novas Unidades Federadas".

CONCEPÇÃO GEOPOLÍTICA

A Assembléia Nacional Constituinte de 1988 não se limitou a criar o Estado do Tocantins e concluiu pela necessidade de redivisão da Amazônia e de novos estados como o Tapajós e Carajás. As sugestões da Comissão de Assuntos Territoriais não foram acatadas até hoje, mas o tema da redivisão do território nacional continua ocupando as atenções de um grande número de parlamentares, uma vez que estão envolvidas questões cruciais para o País como: a racionalidade administrativa; a soberania; a oferta de oportunidades iguais para todos os brasileiros - em especial aqueles que vivem em regiões isoladas e, até mesmo, inóspitas; a governabilidade; a segurança nacional; a justiça fiscal e tributária e a eqüidade na distribuição de renda e de riquezas, pela promoção do desenvolvimento econômico e social; o uso sustentável dos recursos naturais e a preservação ambiental. 


Projeto: Propõe sobre a realização de plebiscito para a criação do Estado do Carajás.


Número: Câmara - PDC 159-B/1992

Autor: Deputado Giovanni Queiroz (PDT-PA)

Caracterização da área

A área em estudo para a criação do Estado de Carajás está localizada no sudeste do Estado do Pará. Abrange 39 municípios que totalizam uma área aproximada de 280.000 Km2 e uma população de mais de um milhão de habitantes, com uma densidade demográfica em torno de 4,0 Hab/Km2. Marabá é o seu principal centro urbano, com 168.020 Hab, porto, terminal ferroviário e aeroporto. A área inclui a Represa de Tucuruí e articula-se com outras regiões pelas bacias dos rios Xingu, Araguaia e Tocantins, pela ferrovia dos Carajás e pelas rodovias BR 230, BR158 e BR 153. A economia está baseada na agropecuária, na extração de madeira e na exploração de minério de ferro e do ouro. Seu subsolo possui, ainda, um excelente potencial em manganês, níquel e cobre. Apresenta um grave problema sócio-econômico em relação à situação dos garimpeiros de Serra Pelada e à extração artesanal do ouro. Em torno de 19% do seu território é constituído de terras indígenas e unidades de conservação. 
 
 


Tab. N. 01. Para, Tapajós e Carajás: Os recursos e os Territórios

Os recursos e os Territórios

Pará

Tapajós

Carajás

Área territorial

249.000 km2

708.868 km2

289.799 km2

População

4.000.000

958.860

1.100.000

Áreas de uso restrito (unidades de conservação e terras indígenas)

13

22

14

Icms (imposto sobre circulação de mercadorias e serviços)

79,49 %

7,0 %

13,51 %

Fpe (Fundo de Participação do Estado)

491.597.016[2]

115.365.280

137.629.573

Recursos

Indústria, serviços e agropecuária

Minérios e agropecuária

Minérios e agropecuária

Fonte: Governo do Estado do Pará: Indicadores Sócio-econômicos, 2000.


REALIDADE ATUAL

Em 388 anos de existência como Ente Público, os sucessivos governos do Estado do Pará encastelados em Belém, não conseguiram atender as demandas das regiões sul/sudeste do Estado e o que existe está aí, diante de todos como prova de que estas regiões jamais irão desenvolver-se continuando como estão:

1 – estradas e pontes de péssima qualidade, que na sua grande maioria se tornam intransitáveis no período chuvoso, facilitando ainda em qualquer época a prática de assaltos e violência contra seus transeuntes;

2 – energia elétrica insuficiente para alavancar o desenvolvimento nas cidades e, principalmente, no campo, onde se encontra seu grande potencial econômico;

3 – comunicação de péssima qualidade nos centros urbanos e inexistente nas localidades mais distantes;

4 – narcotráfico, depredação ambiental e exploração desordenada das riquezas naturais;

5 – violência rural, invasões de terras produtivas, desordem agrária e fundiária, sem perspectivas de solução;

6 – ausência do Estado e grandes vazios demográficos;

7 – exclusão sócia econômica da população interiorana, aumentando as desigualdades sociais e desequilíbrio regional, apesar do grande potencial para desenvolvimento auto-sustentado;

8 – ausência de uma política sustentável de desenvolvimento regional que corresponda às expectativas da população;

9 – segurança pública incapaz de proteger o cidadão que às vezes perde a vida ou vive refém da bandidagem e do crime organizado na região;

10 – ausência de políticas públicas de saúde, educação técnica e principalmente superior.

Elencar esses e muitos outros argumentos serão bem-vindos ao debate. Ocorre que o clichê dos eleitores contrários a divisão são, acima de tudo, preconceituosos.

Uma parte da população do Estado-Mãe exerce o esporte de achincalhe quando este tema é discutido.


Históricamente somo taxados de bandidos e outras desqualificações rasteiras. Vou responder a todos esses que nos atacam sem apresentar números, projetos ou argumentos factíveis.

Muito se fala que não teríamos capacidade de gestão e faturamento para gerir o Carajás. Isso é conversa fiada de quem não conhece a história do próprio Brasil e nosso potencial subaproveitado.

Gestão pública responsável é sinônimo de planejamento e execução competentes. O Estado deve ser indultor de políticas para seu desenvolvimento.

Os exemplos de criação dos estado do: Paraná, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Roraima, Amapá e Tocantins, ao se analisar a evolução de seus PIB’s, comprova o extraordinário avanço que tiveram, em taxas de crescimento e melhoria dos índices de desenvolvimento humano muito superiores ao do Brasil e maiores que o da China -- o país que mais cresce no mundo.

Sobre a Nova Déli do Brasil

Publico crônica inspirado no texto de nosso companheiro flaneur sob o título Você precisa de que?

A cagada ao celular do reizinho

Miga-je e caga-se falando ao celular em Nova Déli (copyright by Juvêncio de Arruda no insubstituível 5.a Emenda) .

É uma mijação sem fim. Uma cagação para adubar terras inférteis sem precedentes.

Tudo ao celular.

Um cidadão indignado liga para o atendimento da Prefeitura de Belém para reclamar que não aguenta mais o desrespeito praticado por mijões e cagões em frente ao muro de sua casa na Dom Romualdo de Seixas.

A prestimosa atendente do setor de Comunicação da Prefeitura de Nova Dheli garante que levará o problema ao Prefeito.

O prefeito, instado do problema, diz, cinicamente à assessora:

-- Deixa queito. Não se meta nisso. O povo mija e caga porque está com o buxo cheio. Isso é bom.

Ato contínuo, desliga o celular em cima de seu trono de merdas!!!!

Você precisa de que?

Na Índia, há mais gente com telefone celular do que com acesso à sanitários. É o que revelou um estudo da Universidade das Nações Unidas, encarregada de apresentar estatísticas sobre as condições de infraestrutura no mundo para as ações de um dos objetivos do Milênio: reduzir à metade o número de pessoas no mundo vivendo sem condições sanitárias decentes. Segundo a pesquisa, iniciada em 2008, existem 563,73 milhões de pessoas com assinatura de telefonia celular entre o 1,2 bilhão de habitantes da Índia. Mas, somente 366 milhões da população total de indianos têm acesso a sanitários corretos.
Esta foto que fiz, em agosto de 2008, no Rajastão, norte da Índia, me veio à cabeça quando li sobre a pesquisa da ONU publicados esta semana em vários jornais da Europa. Era um resort sendo construído em pleno deserto de Thar. Os operários diziam que "claro", o hotel era voltado para receber estrangeiros. Segundo eles, os turistas ocidentais não vivem sem um banheiro por perto. Já os indianos, ao chegar a um hotel, sempre perguntam primeiro se há acesso à rede wi-fi e se há sinal de celular.

Algumas de nossas razões para a criação do Estado do Carajás

Retomando o debate sobre a emancipação político-administrativa do sul e sudeste do Pará, a partir da criação do Estado do Carajás.

Clique nas imagens para melhor visualização.

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