quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Adeus Geocities

Em meados de 1995, mal tinha surgido a web comercial no Brasil, montei minha primeira página web. Para isso, adquiri alguns livros disponíveis na época e estudei o código HTML, naquela época bastante simples. Estudava-se previamente a disposição de texto e imagens e em seguida, atribuindo-se as chamadas tags HTML, criando tabelas e planos de fundo, em tese, qualquer um podia fazer seu website pessoal. Utilizando estes precários recursos, criava-se a chamada Home Page, geralmente um arquivo de texto puro (onde se podia utilizar o patético Bloco de Notas do Windows) cheio de código, ao fim nomeado index.html. Os demais hiperlinks, eram igualmente codificados em texto puro e batizados de acordo com sua missão. Sendo assim, derivados da Home Page, tínhamos por exemplo, quemsoueu.html, formacao.html, fotos.html, guestbook.html, e etc. Feita a trabalhosa construção do website em código, bastava enviar para um servidor web os arquivos de texto e todas as imagens e demais arquivos associados. Tudo isso, exigia espaço em disco em algum lugar do mundo. Restava então a questão: onde hospedá-lo gratuitamente?
Foi aí que o surgiu o serviço Geocities, oferecendo hospedagem gratuita em troca de publicidade mostrada em banners dispostos no cabeçalho do site. Havia um limite em disco para os usuários gratuitos e a URL disponibilizada não era exatamente fácil de lembrar. Seu site ficaria algo assim: http://www.geocities.com/athenas/2234. Nada que sequer sugerisse a missão original do site. Mas para quem desejasse, claro que o serviço oferecia planos de hospedagem pagos quando então, além de ter um domínio decente, mais espaço em disco e contas de e-mail eram oferecidas. Mas o principal cotingente do Geocities era mesmo o dos usuários gratuitos. E assim ele cresceu estratosfericamente em pouco tempo, sendo em seguida, adquirido pelo então dono da web, Yahoo. Nascia assim o Yahoo/Geocities.
Neste serviço, abriguei o que imagino ser o primeiro website médico da cidade, dedicado ao CTI do Hospital Guadalupe, onde iniciei minhas atividades após voltar da especialização. Lá, antes de divulgar o serviço, fazia um catálogo de links úteis a categoria médica, disponibilizava informações sobre a equipe assistencial do serviço, equipamentos, trabalhos científicos de interesse da equipe, entre outras coisas. Nada muito sofisticado, tendo em vista o flagrante amadorismo da iniciativa. Desta época, surpreendo-me até recentemente com a lembrança de alguns honrosos colegas que vez por outra afirmam tê-lo acessado. Foi assim com Salomão Kahwage, Benedito Pauxis, Dilce Léa Magno, José Maria Cardoso Sales, entre outros.
De lá para cá, deixei de trabalhar naquele hospital e a cerca de 4 anos, extingui o site, de fato abandonado há anos. Não consegui mantê-lo por uma simples razão que muitos esquecem quando pensam que devem hospedar um site pessoal: geração ininterrupta de conteúdo de qualidade. Este, o principal segredo do sucesso de qualquer iniciativa no mundo virtual. Não havia como compatibilizar minhas atividades profissionais com o fôlego de uma coordenação editorial, na qual frequentemente, tinha que implorar aos "colaboradores" que produzissem conteúdo.
Mas toda esta história tem um propósito: dizer à todos que o Geocities acabou.
Possivelmente, sufocado pela massiva criação de variados serviços de hospedagem gratuita, cheios de recursos multimídia e outros badulaques em flash, com muita inovação e facilidade de uso. Coisas que o Yahoo/Geocities, definitivamente não conseguiu acompanhar.
Sendo assim, mais uma página da história da web como a conhecemos hoje é implacavelmente virada. Rendo então, minhas respeitosas homenagens a este serviço pioneiro.
Rest in peace, Yahoo/Geocities.

Para saber mais sobre o assunto, leia a reportagem exclusiva da CNN.

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