quinta-feira, 30 de outubro de 2008

À sombra de uma chuteira imortal



Disse Nelson Rodrigues que cego, no futebol, é aquele que só enxerga a bola. Tinha razão, dentro e fora das quatro linhas, vide os dirigentes do nosso sacrificado futebol paraense.

Mas não venho aqui falar do nosso hoje tosco ludopédio. Quero prestar homenagem a um artista da bola, o segundo maior de todos (don’t cry for us, Argentina: temos Pelé; um biltre, porém um gênio), que se esquivava de seus marcadores enquanto outros os botinavam. O último romântico do futebol – de vida torta, hábitos reprováveis, mas inegavelmente um mágico dos gramados – possuía olhos por todos os lados. Cego não era; muito pelo contrário.

Vi o gol do vídeo acima ao vivo, pela tela da TV. Tinha eu quatorze anos de idade, que nem Paulinho da Viola quando seu pai quis lhe impor ser filósofo, médico ou engenheiro; como vários outros da minha idade, pensei em ser jogador de futebol. A vida impôs-me o Direito. Não nego, gostei da escolha. Poderia até ser um Dunga da vida, mas desisti no exato momento em que esta bola, após doze toques e cinco súditos deixados para trás, entrou no gol da Inglaterra, em 1986. Não iria agüentar um sucesso meramente relativo, nesta área tão infensa a paixões. A meta era Maradona, mas Maradona – como Pelé, aliás – era inatingível.

Hoje, El Pibe completa 48 anos. A propósito, nosso confrade Itajaí invocou, em post abaixo, a nova profissão de Diego Armando Maradona. Nada mais em sua vida será comparável ao que ele fez com a camisa 10 da seleção argentina.

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Corrigido às 12:41hs:

Tadeu, nosso querido leitor, corrige-me com razão. Maradona é o 3o melhor. Antes dele, está o imortal Garrincha.

9 comentários:

Anônimo disse...

Bom dia, Francisco,

entendo de futebol tanto quuanto leio sânscrito. Mas, cultuei Garrincha, graças a meu pai. Muitas vezes comemorei a genialidade de Pelé. Sou são-paulina porque em casa todos eram, com exceção do padrinho, que era palmeirense e exerceu essa péssima influência sobre meu irmãos..rsrsrs... E minha ligação com o futebol não passa disso.

Mas, tenho por Maradona uma idolatria. É isso. Essa coisa irracional, de admiração incontida.

Em casa sempre foi difícil admirá-lo, pois meu irmão, ainda que generoso e divertido, jamais superou o ranço que nós, brasileiros - e em especial os palmeirenses - temos contra os argentinos...rsrsrs...

Nunca curti suas crises, sua dependência, mas lendo seu post vim aqui declarar minha alegria ao vê-lo renascer. Há naquele rosto, naqueles olhos irônicos - que alguns acham que é apenas arrogância - um quê de coragem. E eu gosto disso.

Um abraço.

Anônimo disse...

PS: cá pra nós, Francisco, você acha que o Itajaí tem algum problema com gorduchos??? Avise-me, rápido, para que eu perca muito peso até a data da I Convenção da Tapioquinha do Flanar...rsrsrs....

Francisco Rocha Junior disse...

Bia, mas tua ligação com futebol é profunda... que bacana.

Maradona realmente parece ser diferente. Tem seus problemas de comportamento, atitudes reprováveis, enfim, não é exemplo para ninguém. Mas acho que é alguém na busca eterna de algo que ele ainda não sabe o que é - e que poderia restringir-se a cultivar e divulgar o que ele fez de extraordinário em campo. De qualquer forma, apesar de não tão genial como jogador, é muito mais autêntico que Pelé, por exemplo.

Sobre os gordinhos, certamente o Itajaí não tem nenhum problema, não. Se não teria que brigar com metade do Flanar... hehehehe...

Abração.

Anônimo disse...

Francisco ,
Homenagem justíssima ao 3° maior do mundo.
Dom Diego engraxaria a chuteira do genial Garrincha que é o responsável pelos anos de sofrimento que vivo hj ao amar doentiamente a estrela solitária que com ele brilhava mais que nunca
Abraços
Tadeu

Francisco Rocha Junior disse...

Grande Tadeu! Andavas sumidaço aqui do blog. É culpa do nosso furo, na tua última vinda por Belém??

Realmente, tens razão. Esqueci-me - suprema vergonha, pois também sou botafoguense - de Garrincha. Vou até corrigir o post.

Anônimo disse...

Grande Francisco ,
Na verdade estive viajando a negócios e também ocupado mas agora que meia duzia de americanos deixando de pagar suas hipotecas quebraram o mundo , tem me sobrado mais tempo , neste caso infelizmente .
Estou de volta com meus pítacos e avizinha-se mais uma visita comercial a Belém por conta de um embarque grande que chegará ao porto de Bel em dois meses.
Abraços e valeu a correção meu coração alvinegro está devidamente afagado.
Abraços
Tadeu

Francisco Rocha Junior disse...

Beleza, Tadeu. Quando vier, avise. Abração.

Anônimo disse...

Acrecente-se à impossibilidade do Itajaí em ter problemas com gordinhos a sua própria condição... Rs, rs...
Essa assinarei como "ANONIMO".
Marcos "ANONIMO" Damasceno.

Francisco Rocha Junior disse...

Marcos, eu não queria afirmar isso, mas já que tu disseste... deixa quieto!
Abração.