sexta-feira, 25 de abril de 2008

A Fome

O que significa a literatura num mundo que sofre fome? Como a moral, a literatura necessita ser universal. O escritor deve, pois, colocar-se do lado da grande maioria - bilhões de famintos - se quiser dirigir-se a todos e ser lido por todos ( Jean Paul Sartre).

Sabes que passarão séculos e a humanidade proclamará pela boca do seu saber e da sua ciência que não existe o crime e, em conseqüência, tampouco o pecado - que só existe a fome. (Feodor Dostoievski).

Em cada parada me esperava uma fome; diante de cada fonte me esperava uma sede (André Gide).

O ventre é a base sólida: o pão, o vinho e a carne devem preceder a tudo, pois, só com pão, vinho e carne pode-se criar Deus (Nikos Kazantzaki).

De novo em primeiro plano a fome no mundo, agora na perspectiva da onda econômica dos biocombustíveis. Nessa hora, nada mais atual do que recordar do grande Josué de Castro, médico pernambucano que se destacou por sua luta contra a falta de alimentos nos países do então denominado Terceiro Mundo.
Falecido prematuramente aos 65 anos, Josué de Castro foi cassado pelo ditadura militar no posto de Embaixador do Brasil em Genebra. Presidiu ainda a FAO e foi professor na Universidade de Paris, onde exilou-se. A luta incansável contra a fome o fez ser indicado por duas vezes para o Prêmio Nobel da Paz.
Com obra substancial, em número de títulos e conteúdo, em geral é lembrado por dois grandes clássicos do pensamento sociológico: Geografia da Fome e Geopolítica da Fome, traduzidos e publicados em 25 idiomas.
Na bibliografia de Josué de Castro destaca-se um único romance, Homens e Caranguejos, em que narra o drama dos homens do mangue, na cidade do Recife, com inspiração memorialística. Da antefolha do preâmbulo desse romance, que o autor ironiza como uma tanto gordo para um livro um tanto magro, foram destacadas as interessantíssimas e pertinentes citações que ilustram este post.

2 comentários:

Yúdice Andrade disse...

Andas impossível, Oliver. Esta á mais uma postagem antológica.

Itajaí disse...

Obrigado, Professor!