sexta-feira, 15 de junho de 2007

Nota da Reitoria da UFPa

Sobre os fatos ocorridos na UFPa ontem, quando estudantes entraram em confronto com a PM, o Reitor da UFPa, Alex Fiúza de Melo, divulgou nota na intranet. Leia a íntegra da nota abaixo.

NOTA DE ESCLARECIMENTO PÚBLICO

A invasão da Reitoria por um determinado grupo do movimento estudantil, com apoio da atual direção do sindicato dos servidores ? SINTUFPA -, é uma ação de natureza estritamente política, orientada por um partido político, e que tem impacto nacional. Muitas universidades públicas estão sofrendo a mesma intervenção - a exemplo da USP, da UFRJ e da UFAL - e o objetivo é unicamente atingir as instituições, o Governo, tudo sob o pretexto de reivindicações por melhorias do serviço público. São grupos minoritários, que não representam mais do que 1% dos interesses e vontade da imensa maioria de professores, estudantes e técnico-administrativos das IFES (Instituições Federais de Ensino Superior) e, exatamente por isso, recorrem a ações violentas, atitudes raivosas, irracionais e oportunistas, ferindo o direito de todos.

Não vivemos mais no país um regime ditatorial de exceção. Apesar dos escândalos e maus exemplos de algumas autoridades públicas, vigora o estado de direito, e nada, nada justifica esse tipo de comportamento, avesso ao diálogo, quando o direito de greve é respeitado, inclusive sem repressão aos grevistas.

As instituições e o estado de direito não podem ser vilipendiados por um tipo de atitude fascista e demagógica, sob pena do estabelecimento de um estado de caos.

Como reitor, estou recorrendo, em primeira instância, à Justiça, para garantir o funcionamento mínimo da Instituição. Não cederei ou recuarei esta posição. A autoridade, socialmente delegada, existe para ser exercida e, a Instituição, defendida.

Os grupos que se movem nesse episódio, como em outros, não estão interessados em diálogo, não aceitam argumentos contrários aos seus, plantam versões deturpadas à imprensa, caluniam e não têm crédito dentro da própria comunidade universitária. Só agem por orientação de partido político. O sindicato nada mais é que o braço partidário e não expressa a categoria profissional que representa. São as mesmas pessoas infiltradas no DCE (Diretório Central dos Estudantes), no SINTUFPA (Sindicato dos Trabalhadores da UFPA) e na ADUFPA (Associação dos Docentes da UFPA), que se reúnem nos bastidores para programarem taticamente essas ações.

Ou a Universidade, que é pública - portanto, da sociedade! -, reage a esse ataque autoritário e fascistóide, ou ela será refém, cada vez mais, daqueles que objetivam destruí-la.

Não há outra explicação para os atuais acontecimentos. Todas as insinuações de da Universidade por esses setores minoritários são uma farsa, que não pode e não deve iludir a sociedade.

Belém, 15 de junho de 2007

Prof. Dr. Alex Fiúza de Mello

7 comentários:

Anônimo disse...

O texto do professor Alex Fiuza de Mello parece ter sido escrito por Emílio Garrastazu Medici: repete os mesmos argumentos usados exaustivamente durante a ditadura militar ( e ele também se refere ao período, como se fosse alheio a isto), tenta desqualificar os manifestantes como marginais, aproveita também para desqualificar o Sintufpa e a Adufpa, ou seja, tenta impingir à sociedade a idéia de que só ele e seus comparsar são a salvação da universidade, que, por ele, há muito tempo não seria mais pública.

Carlos Barretto  disse...

Obrigado pela manifestação respeitosa e elegante anônimo. Desta maneira, gostaria de ouvir todas as manifestações aqui neste blog.
Com toda a franqueza, sua impressão foi a mesma que tive ao me ater especificamente ao texto.
Acho mesmo que ele poderia ter sido escrito de outra maneira.
Mas quanto a ação legítima do Reitor frente as atitudes de alguns grupos políticos dentro da UFPa, com a mesma franqueza, até o momento, penso estar correta.
A prática destes grupos, em minha humilde opinião, há muito necessita de limites. Limites institucionais e de estado de direito. E pode estar mesmo tão fora do contexto, quanto "o texto" do professor Alex.

Abs e parabéns pela maneira como se manifestou aqui.

Anônimo disse...

A melhor maneira de lidar com as diferenças, meu caro, principalmente numa instituição que se pretende uma universidade, ainda e sempre será o diálogo. O reitor Alex Fiuza de Mello, mais que qualquer outro, usa e abusa da polícia no campus, uma prática deplorável.
Manifestações ruidosas e aparentemente, repito, aparentemente desprovidas de senso são típicas do movimento estudantil, em todas as eras. Não entender isso e não tratar disso de maneira democrática é defender a arbitrariedade.

Yúdice Andrade disse...

De minha parte, como não tenho pretensões políticas, como tenho enormes gratidão e respeito pela UFPA, como sou de esquerda e não de direita, como tenho desprezo pela herança da ditadura militar, sinto-me à vontade para assinar embaixo do que disse o reitor. A ocupação foi baderna e nada mais.

Anônimo disse...

Eu considero o texto do Reitor uma resposta a altura dos atos que esse bando de vagabundos comete. Seria oportuno, num momento qualquer, fazer um levantamento das notas que esses supostos estudantes tiram (na minha época de estudante havia o famoso CRPL para as notas semestrais e o CRG para as notas gerais - a propósito, meu CRG, quando de minha formatura era de 49,5!). Também seria oportuno avaliar os índices de produtividade dos "servidores" que participam desta e de todas as outras manifestações que acontecem na Universidade (convém lembrar que um carapanã sequer pode peidar na Universidade que isso já é motivo pra o SINTUFPA propor uma greve!). Quanto aos professores, esses, melhor deixar pra lá... se estudassem já seria suficiente.

Carlos Barretto  disse...

Anônimo de 1:20 PM
Percebo que seu ponto de vista é bem diferente do meu.
Vc parece não saber exatamente qual o comportamento que estes grupos políticos assumem dentro da UFPa.
Trata do assunto como se fossem meras "diferenças".
Tudo bem. Respeito seu direito de minimizar os atos excessivos destas pessoas. Não é minha opção pessoal. Minha opção é sim ver o livre debate de idéias sem os paroxismos de cartilha, observados na UFPa.
Confunde também, o clima do ME na época da ditadura, que não era nem de longe próximo ou comparável ao que acontece neste momento.
Também é uma opção sua, que respeito, mas discordo, permita-me.
Se a polícia é acionada pelo Reitor, em favor de coibir as manifestações 100% desproporcionais aos fatos alegados, acho que ele está agindo em favor da sociedade, preservando um bem público que é a UFPA. Que não é só sua, é minha e de muitas outras pessoas, que definitivamente, não parecem pensar igual a vc. Enquanto esta turma achar apenas "diferente" querer fechar portões de hospital, e pressionar por greve patrocinada por setores que devem administrá-los, estarei 100% favorável a medidas a princípio educativas e em segunda instância, repressoras mesmo da vontade arbitrária de alguns setores minoritários porém, barulhentos.
Outra confusão que vc faz, que em minha humilde opinião, respeito que vc manifeste, mas não me convenço que seja verossímel.
Continuo apoiando a atitude firme e decidida do Reitor.
Abs

Carlos Barretto  disse...

Anônimo das 3:17h do dia 04 de dezembro de 2007.

Compreendo e de maneira nenhuma duvido do conteúdo de seu livro, no tocante ao que acontecia naquela época.
Mas daí a autorizar seu comentário com a acusação que vc faz, ainda anônima, envolvendo uma autoridade federal, pode me levar às barras de um tribunal. E vc, o autor da denúncia histórica, sair incólume.
Portanto entenda que apenas por esta razão, não publicarei seu comentário. Mas estarei aguardando mais elementos que confirmem sua acusação sobre esta autoridade, devidamente identificada e acompanhada de provas materiais.
Seu depoimento, que não é nenhum absurdo quanto a realidade da época, (posso inclusive corroborá-lo com mais informações), ficará enauqnto isso, guardadinho em minha caixa de correio, certo?
Abs